«A IGREJA DE S. JOSÉ ENTRE HORTAS»
Eis-nos defronte da Igreja de S. José dos Carpinteiros, que foi a de «S. José entre Hortas», no século XVI. A frontaria sofreu grande dano pelo Terramoto, e a Igreja, de tanta tradição na Lisboa dos artificies de madeira, foi logo restaurada (1757), como se atesta numa das inscrições da fachada. O arquitecto do restauro foi Caetano Tomaz.
Esta pequena Igreja foi fundada pela Confraria dos Carpinteiros em 1545, no tempo do Arcebispo D. Fernando de Vasconcelos e Menezes; logo o sucessor deste prelado, o Cardeal D. Henrique, a fez paroquial (1567), retalhando a área da freguesia de Santa Justa.
Foi reedificada ainda no final do século XVI e por várias vezes ao longo das idades; presentemente (Outubro) está em restauro [1939]. Ali vemos na sobre porta um interessante medalhão escultórico, representando S. José.
Interiormente oferece certo interesse relativo; ostenta bons mármores, alguns embutidos, nos socos das pilastras do arco da Capela Mor, imagens e quadros antigos, entre estes um da Sagrada Família, e dois, bons, nas paredes laterais. No corpo da Igreja há duas únicas capelas, a do Senhor dos Passos e a do Santíssimo, e ainda dois altares: de S. Miguel (imagem antiga), com o Coração de Jesus, e de N. Senhora da Conceição.
São magníficos os azulejos setecentistas que revestem o corpo do pequenino templo, representando passos do Nascimento de Jesus.
O edifício da Igreja, com prédio anexo, de ingresso pela Rua da Fé, nº 57, e no qual está instalada a velha Associação de Socorros Mútuos de António Maria Cardoso, pertence à Irmandade de S. José dos Carpinteiros, que modestamente sobrevive.»
In Peregrinações em Lisboa, Livro XIV, Lisboa, 1993, Edições Vega, páginas 93 e 94
Norberto de Araújo
Primeira edição de 1939
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